Hérnia de parede abdominal é uma condição muito comum, acomete 5% da população e é definida pela protrusão de algum órgão intra-abdominal através de um defeito na musculatura. Ocorre em áreas propensas ou naturalmente frágeis e é classificada de acordo com a sua localização:
– Hérnia Inguinal: ocorre na região da virilha, assim como a hérnia femoral. É o tipo mais comum especialmente em homens que têm um risco 25 vezes maior do que as mulheres. Em jovens costuma decorrer da persistência do canal que acompanha o cordão de irrigação dos testículos e em idosos da fragilidade muscular.
– Hérnia Umbilical: surge na região do umbigo e pode ser congênita ou adquirida. Nos bebês acontece pelo fechamento incompleto do umbigo e na maioria dos casos acaba fechando espontaneamente. Já no adulto é muito prevalente após a gestação ou no obeso e sempre requer correção cirúrgica.
– Hérnia Incisional: Acontece em alguma incisão de uma cirurgia abdominal prévia e é causada por uma falha na cicatrização do músculo. Os principais fatores de risco são a obesidade, tabagismo e esforço indevido no pós-operatório.
– Hérnia Epigástrica: menos comum do que as outras, localiza-se na linha média do abdômen acima do umbigo.
Os sintomas de hérnia são abaulamento, dor ou desconforto na região da hérnia principalmente após os esforços ou ao ficar de pé.
Toda hérnia de parede (exceto as umbilicais em bebês) deve ser corrigida através de cirurgia, não há outro tratamento efetivo.
A cirurgia depende do tipo de hérnia. Para as hérnias inguinais atualmente o reparo mais indicado é por videolaparoscopia, que através de micro-incisões, o cirurgião corrige a hérnia e introduz uma tela que irá cobrir o defeito. Esta técnica proporciona uma recuperação muito mais rápida e menos dolorosa, além de um índice menor de complicações. Em casos de hérnias inguino-escrotais (hérnias muito grandes que vão até a bolsa testicular) a videocirurgia não é possível sendo necessária a cirurgia aberta, através de um corte na região da virilha.
Hérnia incisionais normalmente são corrigidas por via aberta, por onde é realizado o fechamento do defeito muscular e colocado uma tela para prevenir a recidiva. Em alguns casos pode ser feita por vídeo. Em hérnias grandes é necessário a colocação de um dreno que permanece por alguns dias e o uso de cinta abdominal no pós-operatório.
Hérnias umbilicais e epigástricas de até 2 cm não requerem o uso de tela mas maiores do que isso sim.
Sem o tratamento adequado, a hérnia vai progressivamente aumentando de tamanho causando cada vez mais sintomas ou ainda, pode ocorrer estrangulamento da hérnia que é o aprisionamento do intestino que pode evoluir para gangrena e necessidade de ressecção intestinal de emergência, sendo esta uma condição potencialmente muito grave.
Texto _ Dr. Bruno Hafemann Moser