Inúmeras doenças podem afetar os rins, incluindo patologias comuns como hipertensão arterial e diabetes, que muitas vezes por não serem diagnosticadas ou tratadas corretamente podem levar a falência renal. Além disso, cálculos renais, infecções complicadas, doença renal policística e uso de medicações anti-inflamatórias podem prejudicar o funcionamento dos rins.
Quais as funções dos rins?
Os rins (geralmente temos dois) são os filtros do corpo. Através da artéria renal o sangue é levado para o rim e aproximadamente 1.2 litros/minuto de sangue são filtrados de forma contínua, as toxinas são eliminadas pela urina enquanto o restante do sangue “limpo” retorna para o coração. Eles também são os responsáveis pelo ajuste do balanço de líquidos no corpo e por produzir hormônios que nos protegem de anemia e enfraquecimento dos ossos.
O que acontece quando os rins não funcionam?
Os pacientes com doença renal leve e moderada não terão sintomas, estes ocorrendo somente na doença renal mais avançada. Por isso a importância de fazer testes de avaliação dos rins – como creatinina no sangue e exame de urina – para triagem da doença renal em fases iniciais, em que, com cuidados específicos será possível estabilizar e algumas vezes reverter a doença dos rins.
Quando os rins já perderam em geral mais de 60% da sua capacidade de filtração é possível que algumas funções estejam prejudicadas. Quanto maior a redução da filtração mais grave são os sintomas, entre eles:
- Acúmulo de toxinas no sangue: a principal toxina que pode ser dosada no sangue é a uréia, que quando atinge níveis muito elevados pode causar perda de apetite, náuseas, vômitos, alteração do sono e confusão mental. Para redução do acúmulo de toxinas será calculada a ingestão diária ideal de proteínas conforme seu peso. Dietas com redução do consumo de proteínas são protetoras para os rins.
- Acúmulo de potássio: normalmente ocorre quando a função renal esta bastante prejudicada. Seu acúmulo é potencial gerador de fraqueza muscular, arritmias e inclusive parada cardíaca Dieta com restrição de alimentos ricos em potássio além de preparos que retirem este elemento dos alimentos poderão ser indicados pelo seu médico nefrologista.
- Acúmulo de ácidos: em fases mais avançadas ocorre um desequilíbrio entre a produção de ácidos e eliminação pelos rins, o que além de gerar sintomas pode piorar o acúmulo de potássio. A reposição do bicarbonato de sódio via oral pode ser indicada para melhorar este equilíbrio.
- Falta do hormônio eritropoetina: responsável por estimular a produção de glóbulos vermelhos e evitar a anemia, a eritropoietina está em níveis baixos no paciente com doença renal. Conforme avaliação médica atualmente é possível fazer a aplicação deste hormônio sintético por via subcutânea, associado ou não a ferro via oral ou endovenoso.
- Falta da vitamina D na forma ativa: o rim é responsável por transformar a vitamina D em sua forma ativa. Assim, com a redução da filtração renal, é necessária a reposição de uma forma especial de vitamina D que não exige conversão pelo rim, disponível em ampolas para aplicação endovenosa ou em comprimidos.
- Hipertensão arterial: ela é tanto causa de lesão no rim como consequência. Além de produzir a renina, hormônio responsável por elevar a pressão arterial, os rins regulam e excreção e absorção de sódio e líquidos no organismo. Algumas classes de medicações anti-hipertensivas serão escolhidas por reduzirem a velocidade de progressão da doença renal.
- Sobrecarga de líquidos: surgimento de quadros como inchaço nas pernas, sobrecarga de líquido nos pulmões e redução do volume de urina podem ocorrer em fases avançadas da doença renal e algumas vezes ser controladas através de medicações conhecidas como diuréticos. A escolha do diurético ideal será feita pelo seu nefrologista.
Seu nefrologista também vai orientar cuidados com medicações que podem prejudicar os rins como anti-inflamatórios, evitar exames que necessitem de contraste endovenoso e ter atenção com quadros que levem a desidratação.
E quando eles perdem essas funções, existe algum tratamento?
Como citado acima, conforme o grau de alteração da função renal seu nefrologista fará avaliação das possíveis complicações e decidirá o tratamento adequado, isto é conhecido como tratamento conservador. É importante salientar que a doença renal crônica é progressiva e não tem cura, porém com o tratamento conservador é possível estabilizar ou retardar sua progressão
Quando não existe possibilidade de controle dos sintomas com medicamentos e dieta será iniciado o preparo para diálise ou transplante renal, em geral quando os rins têm funcionamento inferior a 20ml/min.
Texto _ Dra. Natasha Silva Constancio