Atualmente diz-se que obesidade é a epidemia do século XXI atingindo os alarmantes 1,7 bilhões de pessoas no mundo e com estimativas de crescimento progressivo nos próximos anos. Hoje 52% dos homens e 44% das mulheres no Brasil estão com excesso de peso, o que tem preocupado e muito os médicos e gestores de saúde já que a obesidade é a causa direta de três milhões de mortes por ano além do incontável número de pacientes com sequelas das doenças crônicas relacionadas à obesidade.
Dentre as principais doenças associadas ao excesso de peso podemos citar: infarto, hipertensão arterial, arritmias, acidente vascular cerebral, aumento de colesterol/triglicerídeos, diabetes, tromboses, apnéia do sono, osteoartrose, pedra na vesícula, pancreatite, esteatose hepática (gordura no fígado), cirrose, refluxo gastroesofágico, depressão e aumento do risco de câncer de esôfago, intestino, vesícula biliar, fígado, pâncreas, rim e linfoma.
Estudos recentes demonstraram que os obesos perdem em média apenas 10% do seu peso com as dietas e após um ano, 50% deles voltam ao peso original, depois de cinco anos praticamente todos readquirem os quilos perdidos. Já em relação ás medicações, estas costumam ter muitos efeitos colaterais e normalmente necessitam de longos períodos de tratamento e ainda sim poucos atingem o peso ideal. Com isso havia a necessidade de um controle mais efetivo desta condição e foi aí que surgiu o tratamento cirúrgico para a obesidade.
No início, pouco se sabia da cirurgia e dos seus efeitos, além do mais era realizada aberta (por corte) o que incorria em internamentos prolongados e taxa elevada de complicações. Com o melhor conhecimento das técnicas, com o acompanhamento multidisciplinar (endocrinologista, nutricionista, psicólogo e fisioterapeuta) e principalmente com o desenvolvimento da videocirurgia (por “furinhos”), hoje em dia o procedimento é muito seguro e com índices de complicações comparáveis ao de uma cirurgia de pedra na vesícula ou de uma cesárea, por exemplo.
Atualmente a cirurgia é indicada para pessoas com índice de massa corporal (IMC) maior que 40 ou maior que 35 desde que tenha alguma comorbidade relacionada á obesidade. Para se calcular o IMC divide-se o peso pela a altura vezes a altura (IMC=peso/(altura x altura)). Além disso é necessário um período de no mínimo 2 anos de tentativa de perda de peso, com acompanhamento profissional adequado (endocrinologista e nutricionista ou nutrólogo).
Com perdas de 50 a 100% do excesso de peso a cirurgia é muito efetiva no controle das doenças associadas á obesidade, causando redução da mortalidade e aumento de qualidade de vida.
São quatro as técnicas permitidas hoje no Brasil: banda gástrica ajustável, derivação biliopancreática, gastrectomia vertical e bypass gástrico em y de roux, sendo as duas últimas realizadas em aproximadamente 90% dos casos. Cada técnica tem as suas particularidades e a decisão cabe ao paciente conjuntamente com o cirurgião.
Texto _ Dr. Bruno Hafemann Moser