A popular pedra na vesícula é uma das doenças mais comuns do ser humano ocorrendo em cerca de 10% da população adulta e a sua retirada é atualmente a cirurgia mais frequente do aparelho digestivo.
A vesícula biliar é uma espécie de pequena bolsa que armazena a bile produzida pelo fígado. Quando nos alimentamos, a vesícula contrai e despeja a bile nas primeiras porções do intestino para fazer a digestão, principalmente de alimentos gordurosos.
A formação de cálculos no seu interior decorre da cristalização de componentes normais da bile, o que acontece mais comumente na presença de alguns fatores predisponentes descritos a seguir:
- Idade: a prevalência aumenta com a idade acometendo mais de 40% das pessoas com mais de 70 anos
- Sexo: as mulheres, por fatores hormonais, têm até 4 vezes mais cálculo biliar do que os homens
- Dieta: o aumento na ingestão de gorduras e açúcares e a baixa ingesta de fibras favorecem o aparecimento de cálculo na vesícula
- Obesidade: devido à elevada concentração de colesterol na bile, os obesos têm até 7 vezes mais pedra na vesícula
- Diabetes: a incidência é 2 a 3 vezes maior pela redução da motilidade da vesícula
- Perda rápida de peso: o emagrecimento rápido, após cirurgia bariátrica ou dieta, por exemplo, aumentam a chance de colelitíase (pedra na vesícula), dentre outros fatores, por aumento da secreção de colesterol
- Outros: também aumentam o risco de colelitíase o uso de alguns medicamentos, algumas doenças específicas e após alguns tipos de cirurgias gástricas ou intestinais.
Os sintomas mais frequentes da colelitíase são: intolerância a certos alimentos (“má-digestão”), dor na parte superior do abdômen mais a direita e por vezes com irradiação para as costas e enjoos. Uma parcela significativa dos portadores de cálculo biliar não apresenta sintomas e acaba sendo diagnosticado após exames de rotina ou por outro motivo.
A ultrassonografia de abdômen é o melhor exame para o diagnóstico pois além de ser o mais eficaz para esta patologia, é um exame rápido, não utiliza radiação nem contraste e é mais barato comparado com a tomografia e a ressonância magnética.
Feito o diagnóstico, sempre que o paciente tiver condições clínicas, deve ser realizada a cirurgia de remoção da vesícula, mesmo que não tenha sintomas, devido ao risco de complicações graves que os cálculos podem causar. Dentre as principais complicações está a inflamação e infecção aguda da vesícula por obstrução da mesma pelo cálculo. Além disso, o cálculo pode migrar pelo canal da vesícula e obstruir o canal do fígado causando icterícia e infecção da bile ou ainda obstruir o canal do pâncreas e causar pancreatite, todos estes com um potencial elevado de morbidade e mortalidade.
Atualmente a cirurgia é realizada por vídeo, através de micro-incisões. Por ser uma técnica mais precisa e minimamente invasiva, proporciona uma recuperação muito rápida e com baixíssimos riscos de complicações. A ausência da vesícula é rapidamente bem tolerada pela dilatação do canal do fígado que acaba fazendo um papel semelhante à da vesícula.
Texto _ Dr. Bruno Hafemann Moser