Pode-se dizer que a videocirurgia tem seus alicerces no início do século XIX quando médicos alemães utilizaram protótipos de endoscópiospara examinar internamente os pacientes através de lentes que refletiam a luz do sol ou mesmo lampiões. No ano de 1910 o sueco H. C. Jacobaeus fez a primeira laparoscopia em humanos (do grego laparos = abdômem, scopia= examinar), utilizando ar para insuflar o abdômem e melhor visualizar as estruturas internas e um endoscópio com lâmpada incandescente. Na década de 50, o desenvolvimento da luz fria e da fibra ótica trouxe segurança ao procedimento e finalmente na década de 80 com o uso de microcâmeras e a transmissão das imagens para um monitor houve uma revolução no mundo da cirurgia.
Como funciona a videolaparoscopia atualmente
O paciente recebe anestesia geral, o cirurgião insufla por meio de uma agulha o gás carbônico (que é muito mais seguro que o oxigênio pois além de ser inerte é rapidamente absorvido) dentro do abdômem e através de pequenas incisões são colocados trocarteres, que são tubos por onde serão introduzidas as pinças de trabalho e a câmera. O gás dentro do abdômem cria um espaço para que o cirurgião possa fazer a cirurgia com segurança. As imagens obtidas pela câmera são transmitidas para um monitor onde toda a equipe cirúrgica e anestésica podem acompanhar o procedimento.
Com o avanço tecnológico, hoje em dia dispõe-se de uma variedade extensa de pinças, grampeadores, clipes e bisturis ultrassônicos, que aliados ao aprimoramento técnico dos cirurgiões possibilitam realizar praticamente qualquer cirurgia com este método, desde que se tenha o devido treinamento. Especialmente nas cirurgias do aparelho digestivo, urologia, cirurgias ginecológicas e cirurgias torácicas os procedimentos estão consagrados e na maioria dos casos se tornaram a melhor opção. O que faz a videocirurgia ainda não ser tão difundida como é no exterior são os custos mais elevados do que as cirurgias convencionais, principalmente quando se fala em sistema público de saúde.
Por que é melhor?
Primeiramente porque as incisões que são de 5 mm a 12 mm causam muito menos dor do que a cirurgia aberta (por corte grande). Como a dor é menor, o paciente se recupera muito mais rápido e logo começa a sair do leito, o que diminui a chance de pneumonia e tromboses. Além disso, recebe alta mais precoce, reduzindo de maneira significativa a probabilidade de infecção hospitalar. Com as incisões menores também diminuem-se drasticamente a proporção de hérnias no local do corte e de infecções de ferida. Segundo porque a imagem obtida é aumentada em até 20 vezes e as pinças utilizadas são muito pequenas e delicadas, o que proporciona uma precisão cirúrgica muito maior com o mínimo de trauma possível.
E o futuro?
O futuro da cirurgia está na utilização dos robôs, tecnologia esta que já existe e está sendo cada vez mais utilizada. O cirurgião fica em uma central de comandos e controla os movimentos que são executados por braços mecânicos acoplados ao paciente. A vantagem é que a gama de movimentos que o robô possibilita é maior e o cirurgião fica sentado, com os braços apoiados, trazendo uma ergonomia melhor para realizar cirurgias demoradas com um desgaste menor. Por enquanto, a cirurgia robótica ainda não está bem estabelecida para a maioria dos procedimentos por alguns entraves técnicos que no futuro devem ser superados. Além disso, o custo de manutenção ainda é elevado o que acaba dificultando sua utilização amplamente.
Texto _ Dr. Bruno Hafemann Moser